E o entrevistado de hoje do quadro “Vinícius Entrevista” é, o nosso caríssimo Monsenhor Raimundo Nonato Rodrigues Martins!


E hoje o blog têm a honra de entrevistar esse nobre mocajubense, que, muito faz e continua fazendo pela evangelização em nossa grandiosa Diocese de Cametá do Tocantins, recebendo o título de Monsenhor, e foi nomeado pelo nosso Bispo Dom Jesus Maria, para ser reitor do Seminário Maior Bom Pastor – Ananindeua / PA, e também é o novo Vigário Diocesano, sendo assim, quando Dom Jesus Maria não estiver na Diocese, quem assume é o Monsenhor Raimundo Nonato.

Monsenhor Raimundo Nonato têm  39 anos, e vêm de uma família tradicional e de origem simples de Mocajuba; filho de Seu Domingos e Dona Apolônia (in memória), viveu toda sua infância/adolescência em frente ao Cajual, no bairro da Pedreira, onde também fica localizada a C.C. Boa Esperança (São José Operário), comunidade cristã onde deu os seus primeiros passos na sua caminhada religiosa.

Vale lembrar que ele completou no último dia 6 de maio, 10 anos de Ordenação Presbiteral, e é um orgulho para nós que fomos e somos comunitários da C.C. Boa Esperança (São José Operário), vê que de lá já saíram grandes evangelizadores da palavra de Deus. E é importante também mencionar que essa comunidade cristã, é a que mais “formou” digamos assim, padres no município. Vejamos alguns exemplos a seguir: Padre Anselmo, Padre Sandro Giovani e o Monsenhor Raimundo Nonato.

Confira agora na íntegra, a entrevista que o Monsenhor nos concedeu com exclusividade, e conta detalhes da sua vida pessoal e religiosa:

1 – Monsenhor, desde já, agradecemos pela sua disposição em nos conceder essa entrevista, e ficamos muito honrados por ter aceitado nosso convite. Essa pergunta é de praxe em nossas entrevistas; o senhor conseguiria descrever os seus pontos negativos e positivos?

Meu caríssimo Vinicius Leal, eu é que agradeço o convite e a oportunidade de poder me dirigi aos meus conterrâneos e a tantos quantos acessam este veículo de comunicação sob sua direção.

A pergunta é se eu conseguiria descrever meus pontos positivos e negativos. Penso que é muito difícil falar de si mesmo, sobretudo em um mundo que violenta as consciências, e denigre de todas as formas o ser humano, colocando-o em uma atitude de submissão. Neste sentido, corremos o risco de parar naquilo que para nós produz o negativo. Mas, vamos lá! Meus pontos positivos: primeiro sou um ser humano feliz e por isso realizado em todos os sentidos, muitas coisas herdei da minha mãe que era uma mulher muito simples e humilde, portanto dela trago essas virtudes, sou manso, paciente, amoroso e misericordioso, não sei ser de outra forma, aprendi em meio a pobreza da minha família a amar, eu costumo dizer que em casa faltava muitas vezes o alimento e passávamos fome, mas nunca faltou o amor. Uma canção do grande padre Zezinho sintetiza bem isso: “Faltava tudo, mas a gente nem ligava”, pois o importante não faltava o sorriso e o olhar amoroso traduzidos em gestos pelos meus pais. Dentre tantos defeitos e pontos negativos que tenho, sou humano e reconheço isso como uma verdade que eu chamaria de humana, destaco o não saber dizer NÃO quando é necessário e de ser muitas vezes omisso em situações que exige uma posição da minha parte. Esse pecado, trago a público e confesso. Mas sem sombra de vaidade, meus pontos positivos são muito mais que os negativos. Há em nós a tendência àquilo que eu chamo de “ditadura do negativismo”. Não gosto de exaltar o negativo, isso faz mal a saúde, psíquica, corporal e espiritual. Penso que um dos males da humanidade é o complexo do negativo. 

2 – Com que idade o senhor recebeu o chamado de Deus para ser um sacerdote, e como foi a reação da sua família nessa sua escolha de vida tão importante?

A história da minha vocação ao sacerdócio é marcada pela presença de Deus e diria por sinais extraordinários. Minha mãe me contou faltando um mês para minha ordenação, que na hora de meu nascimento, estava acontecendo uma reza do terço em nossa casa. Eu nasci a exatamente 18h, dizia-me minha mãe que ao choro do menino que nascia, associado ao replicar dos sinos da matriz e em meio a recitação do santo rosário, uma piedosa senhora profetizou: nasceu o padre! O que sei é que aos 05 anos de idade já estava na catequese e já brincava de ser padre, de celebrar missa, de batizar as bonecas das minhas irmãs, de construir capelas nos quintais. Minha infância foi respirar ser padre, aos 12 anos fui morar com os padres lazaristas na casa paroquial de Mocajuba, aos 19 fui ao seminário Menor Padre Josimo em Cametá, aos 21 anos fui ao Seminário Maior Bom Pastor em Ananindeua, aos 29 anos fui ordenado padre e hoje com 39 anos completo 10 anos desde que me prostrei no chão a Igreja Matriz da Imaculada e disse meu sim definitivo a Deus. Em todos esses passos dados, Deus me acompanhou com sua providencia, confirmando a sua eleição e o seu projeto em minha vida. Quanto a minha família, em nenhum momento me tiraram as forças, sempre deram apoio e isso, para mim foi muito importante. A minha família é tão abençoada que depois o meu irmão caçula, Anselmo, hoje padre também seguiu o mesmo caminho. A família cristã é um celeiro de vocações, e é bom que ela entenda esse papel, por ser o berço onde a vida nasce e é acolhida generosamente.

3 – Durante esses 10 anos do seu sacerdócio, o que mais lhe motiva e lhe leva a evangelizar em nossa Diocese de Cametá do Tocantins?

Certa vez um jovem me perguntou: “padre Nonato, qual é a graça em ser padre?” A graça de ser chamado por Deus, de ser merecedor de sua confiança, respondi, pois ele poderia ter chamado outro, mas de uma imensidão de jovens chamou a mim. Em outra ocasião indagou-me outro jovem: “O senhor é feliz por ser padre? E como o senhor sabe que é para sempre?” Respondi: eu não sou um padre feliz, sou um ser humano feliz e como eu sei que é para sempre? É simples, porque hoje mesmo eu disse sim. Este é o segredo, dizer sim todos os dias, renovando a graça do chamado.

Mas, voltando a pergunta inicial, o belo de ser padre é colocar-se a serviço de Deus nos irmãos, nos primeiros dias após minha ordenação sacerdotal, fui procurado por um adolescente que me pedia socorro, pois estava enveredando a vida para o mundo das drogas. Esse adolescente se tornou meu filho na fé, eu o amei com toda a força do meu coração, pois ele foi o canal que Deus permitiu para que eu compreendesse qual deveria ser minha atuação na Igreja diocesana de Cametá, primeiro em 2005 após a ordenação diaconal Dom Jesus me enviou para o Seminário Menor Padre Josimo, em Cametá, para ajudar a formação inicial dos jovens rumo ao sacerdócio, nesta missão fiquei até dezembro de 2008, depois fui enviado para a paróquia catedral São João Batista, onde fiquei até janeiro de 2015. Nesse período em que trabalhei na catedral tive muito contato com a realidade sofrida dos jovens, muitos vieram a mim, pedir ajuda, socorro, eu amparei a todos, ninguém ficou sem uma palavra, uma abraço, um beijo no rosto. Amei, sobretudo, os caídos, os que ninguém quer por perto. Essa realidade me fez criar, como fruto da oração a OBRA DA MISERICORDIA que tem como missão: levantar os caídos e restaurar vidas em Cristo.

Portanto, o que me motiva a evangelizar na diocese de Cametá é a graça de ter sido chamado por Deus a uma vocação santa de especial consagração e a certeza de que por meio do meu ministério sacerdotal muitas pessoas serão alcançadas pelo Senhor, sentirão sua misericórdia, muitas crianças continuarão sorrindo, muitos jovens encontrarão o sentido da vida, muitos idosos serão valorizados em sua dignidade. O lema da minha ordenação sinaliza muito bem a minha missão no meio do povo: ser pastor conforme o coração de Deus e não só, mas revestido de sincera misericórdia. O padre é outro Cristo e como tal deve proceder, pois o sacramento da ordem o configura a Cristo e desta forma, na entrega da própria vida, se faz tudo para todos. 

4 – O senhor teria alguma meta ou objetivo que possa revelar para nós que pretendas alcançar em um futuro próximo ou longínquo?

Sim, tenho! Continuar meus estudos rumo ao mestrado em teologia, concluir o livro que conta a minha história e que terá como titulo: Um dia eu brinquei de ser padre – A história de um menino que decidiu seguir Jesus Cristo e a meta que é menina dos meus olhos e será a minha realização plena: a consolidação da “Obra da Misericórdia” em Cametá com a construção do TERRITÓRIO DA MISERICORDIA, um espaço de abrigará uma comunidade terapêutica, centro de evangelização e o Santuário da Misericórdia Divina. Se Deus Nosso Senhor me conceder essa graça poderei dizer como o velho Simeão: “Podes deixar teu servo partir em paz”!

5 – O que Mocajuba representa para o senhor?

A exuberância dos Mucajazeiros tão abundantes no inicio de nossa história no terreno onde se situa a nossa cidade e que deu nome a nossa terra querida, aliada ao exuberante Rio Tocantins, cujas águas correm abundantes levando vida por onde passam, expressa a grandiosidade da beleza da criação de Deus que nos presenteou com tantas bênçãos. Este chão é belo, nascemos sob as bênçãos da Mãe de Jesus. Tenho um santo orgulho de ter nascido em Mocajuba, onde nasceu o futuro santo Mons. Edmundo Igreja, de ter comido muitas vezes, manga com farinha, de ter me banhado nas águas refrescantes deste rio e dos igarapés, de ter crescido e amadurecido na fé.

Mocajuba para mim é lugar sem par, meu berço, minha terra, meu torrão, pedaço do céu em plena Amazônia, nordeste deste belo estado, nosso Pará. Lugar onde eu nasci menino para o mundo no dia 25 de outubro de 1977, Raimundo Nonato para Deus no dia 01 de setembro de 1978 (com o Batismo) e padre Raimundo Nonato para o serviço de Deus na Igreja no dia 07 de maio de 2006. Em Mocajuba fui abastecido de amor por minha família, educado para a cidadania, instruído na fé pela mãe Igreja e despertado para o chamado de Deus para ser seu servo como padre.

Suas considerações finais Monsenhor:

Uma vez mais agradeço a Deus a oportunidade dada a mim através deste meio de comunicação, ao mesmo tempo em que deixo uma mensagem a todos os meus conterrâneos mocajubenses, nossa terra é bela, abençoada por Deus.

Ano passado por ocasião da festa da Imaculada Conceição, em minha homilia fiz a seguinte exortação: Precisamos cuidar desta terra, é inadmissível que nos roube a esperança, que roubem a infância de nossas crianças, de nossos adolescentes, de nossos jovens, que saqueiem os valores herdados de nossos mais velhos, nossas riquezas humanas, culturais, naturais, e, sobretudo, que nos tirem a possibilidade de visualizarmos horizontes novos. 

Mas a mim preocupa, e penso preocupa a todos os que amam Mocajuba, o que vive ultimamente nosso município e nossa cidade: onda de violência, extermínio de jovens. Uma postagem no facebook feita pela professora Francinete Melo me chamou atenção e fez brotar lágrimas em meus olhos: “Hoje mais um corpo estendido no chão de Mocajuba. Vitima: jovem do sexo masculino, ex-aluno da escola Padre Pedro Hermans, morador do bairro da Pranchinha. Não se tem uma estatística, mas as vitimas de homicídios em nossa cidade apresentam essas características. Porque será? Será por que foi uma opção de nossos jovens estarem num meio que sabiam que o final seria a morte e ou o cárcere? Sabemos que questões sociais e econômicas empurram nossos alunos desde crianças a essa condição. A escola na medida do possível tenta fazer sua parte, mas e o poder público, o que tem feito? E os políticos que disputam no bairro cada espaço em época de eleição? Muito precisa ser feito, caso contrário teremos mais corpos estendidos no chão”. 
   
A que ponto chegou? Na Mocajuba de outrora: certa vez eu esqueci a bicicleta holandesa da paróquia, herança do padre Pedro Hermans, em frente ao antigo posto da Telepará, lá ficou por três dias. Percebe a mudança? E hoje as manchetes registram uma Mocajuba violenta, com problemas sociais gravíssimos. Qual a nossa postura? Qual a nossa resposta de cristãos da Igreja da católica, filhos da Imaculada? Questionamentos pertinentes.

Aos responsáveis pela administração pública atual e aos que virão, pois temos eleições municipais, deixo meu apelo para que dignifique a vida pública e assumam o verdadeiro papel da politica que é o bem comum de todos, promovam politicas públicas de inclusão, sobretudo dos nossos jovens.  Aos cristãos, meus irmãos de fé e aos de outras confissões digo, é hora de despertar, acordar para a realidade e construir em nossa Mocajuba, a civilização do amor. Juntos, de mãos unidas, colocando a serviço nossas capacidades fazemos de nosso município e de nossa cidade, uma verdadeira casa comum. Concluo com as palavras do nosso hino: “Se caminhas intrépida e brava, sob as bênçãos da Mãe de Jesus, jamais perde nas lutas que travas, na escalada ao reino da Luz”. (Trecho do hino a Mocajuba).

A todos deixo as bênçãos que não são minhas e sim mais de Deus! Obrigado!

Mons. Raimundo Nonato Rodrigues Marins
Vigário Geral da Diocese de Cametá

Novamente agradecemos ao Monsenhor Raimundo Nonato pela disposição em nos conceder essa entrevista, e ficamos muito felizes quando o mesmo nos deu o aval para que pudéssemos preparar o questionário da sua entrevista.

Em nome do blog, desejamos ao senhor muito amor, carinho, esperança, fé, força, saúde, sucesso, e que Deus lhe guarde e lhe proteja em cada passo da sua trajetória. Que você possa seguir firmemente a missão que Deus lhe designou, e que a sua evangelização seja constante dentro e fora da nossa Diocese de Cametá do Tocantins.

Parabéns Monsenhor Raimundo Nonato R. Martins!

Com Informações: Monsenhor Raimundo Nonato R. Martins.

Foto: Reprodução Facebook.

Texto: Vinícius Leal - "Blog do Vinícius Leal".

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