Investigações do 'petrolão' fecham o cerco contra Jader!

Série de denúncias liga o chefe do clã Barbalho a ações ilícitas na estatal.

Por: O Liberal.

As digitais do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) estão ficando cada vez mais evidentes no escândalo de corrupção instalado na Petrobras, conhecido como “Petrolão”. A revelação, na última semana, de um e-mail apócrifo que alertou os diretores da estatal, em 2008, sobre o pagamento de propina, indicou ainda mais o seu envolvimento.


A mensagem, assinada por um funcionário anônimo da empresa, que se autointitulava “O Vigilante”, coloca o nome de Barbalho ao lado do político já falecido José Janene (PP-PR), como um dos mentores das ações do cartel que funcionava dentro da Petrobras. “Pobres diretores, tornaram-se escravos do Janene, do Jader Barbalho”, diz o alerta.
Essa denúncia, publicada no jornal “Folha de S.Paulo”, é mais um indício de que o político com a maior ficha corrida no Supremo Tribunal Federal (STF) estaria envolvido com grupos que se beneficiaram com negociações no âmbito da estatal.
A reportagem ainda faz alusão a Jorge Luz, um conhecido lobista paraense que tem ligações estreitas com a família Barbalho. Essa relação e o impacto do que ela pode ter causado ao caixa da Petrobras também já foi alvo de denúncias, neste ano, publicadas pelas revistas “Veja” e “Época”, com base nas apurações da operação Lava Jato, da Polícia Federal. Jorge Luz é conhecido como o maior lobista do País e de maior influência dentro da estatal. Ganhou esse status após trabalhar para o governo Jader Barbalho em 1982 e para o seu sucessor, Carlos Santos. O lobista manteria até hoje uma empresa de consultoria em Belém, atuando no setor elétrico e no ramo da construção civil, mas é mais conhecido no Rio de Janeiro, onde costuma desfilar pela Barra da Tijuca, bairro nobre onde ele reside, a bordo de uma Ferrari.
Vale lembrar que o lobista era braço direito de Jader Barbalho, quando o então governador do Pará protagonizou um dos maiores escândalos financeiros da história recente do Estado, ao transferir dinheiro dos cofres do Banco do Estado do Pará (Banpará) para a sua conta pessoal no Rio de Janeiro. Entre 20 de outubro e 31 de dezembro de 1984, Jader teria desviado - segundo denunciou auditoria do Banco Central do Brasil – algo em torno de R$ 10 milhões dos cofres do Banpará. O golpe, descoberto pelo auditor-fiscal do Banco Central Abrahão Patruni Junior, completou 30 anos em 2014, mas graças a artimanhas jurídicas, Jader Barbalho ainda não foi a julgamento.
Ainda pelas matérias deflagradas pela imprensa, o lobista Jorge Luz construiu no governo Lula boas relações com chefes do PMDB e do PT. “No PMDB, é próximo do senador Jader Barbalho e do empresário Álvaro Jucá, irmão do senador Romero Jucá, dono de uma empresa que tem contratos na Petrobras”, explica matéria publicada na edição 827 da revista “Época”. O político paraense e o lobista são relacionados nessa reportagem a um personagem conhecido por “Beto”, que, segundo a Polícia Federal, poderia ser o doleiro Alberto Yousseff, preso pela operação Lava Jato sob a acusação de ser o responsável pelo pagamento aos políticos e as empresas com o dinheiro desviado da refinaria Abreu e Lima, ou Humberto Mesquita, genro do homem-bomba Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras e principal operador do esquema de corrupção.
“Paulo Roberto Costa detém muitos dos segredos da República – aqueles que nascem da união entre o interesse de empresários em ganhar dinheiro público e do interesse de políticos em cedê-lo, mediante aquela taxa conhecida vulgarmente como propina. E se Paulo Roberto fosse descuidado e guardasse provas desses segredos? E se, uma vez descobertas pela PF, elas viessem a público? Pois Paulo Roberto guardou. Tentava destruí-las quando a Polícia Federal chegou a sua casa, há duas semanas. Mas não conseguiu se livrar de todas a tempo”, analisou a revista, ressaltando ainda que Paulo Roberto garantia aos lobistas como Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e Jorge Luz, ligado ao PT e ao PMDB de Jader Barbalho, cujos nomes aparecem nos papéis apreendidos, as oportunidades de negócio com as grandes fornecedoras da Petrobras – e, suspeita a PF, garantiam também possíveis repasses aos políticos desses partidos.
A revista “Veja”, que chamou o esquema de corrupção de “Mensalão da Petrobras”, afirmou que os maiores beneficiários da propina eram os políticos do PMDB, como o presidente do Senado, Renan Calheiros; o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves; o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão; o ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral Filho, e a governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Jader Barbalho também teria sido agraciado com propinas. 
“Nos documentos mais valiosos apreendidos pela Policia Federal no apartamento de Paulo Roberto Costa descobriu-se que relatórios mensais das propinas pagas pelos empreiteiros eram entregues por ‘Beto’ ao diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Para a PF, os documentos são uma espécie de extratos de contas-correntes preparados pelo doleiro Youssef, que funcionaria como um ‘banquinho’”, conclui a reportagem da “Veja”.

Ministério

Mesmo diante de tantos indícios do envolvimento de Jader Barbalho nesse esquema de saque aos cofres da Petrobras e da sua ficha extensa de processos no STF, a presidente Dilma Rousseff, que chegou a declarar que iria consultar o Ministério Público Federal antes de nomear os novos ministros, deu a Helder Barbalho, filho de Jader, uma pasta no seu próximo governo. 
Fora o passado do pai, Helder já constrói o seu próprio currículo de processos judiciais. Ele responde por improbidade administrativa perante a 5ª Vara Federal do Pará. Uma investigação iniciada no Departamento Nacional de Auditoria do SUS constatou a irregularidade na aplicação de recursos do Ministério da Saúde em Ananindeua entre janeiro de 2004 e junho de 2007.

De acordo com o processo, foram destinados ao município R$ 94,8 milhões para financiar programas de saúde. Não ficou comprovado o gasto de R$ 2,7 milhões nas duas gestões. Houve também fraudes e irregularidades em licitações. O Ministério Público chegou a pedir a indisponibilidade dos bens dos investigados, mas a Justiça negou em junho de 2012. O fundamento foi o de que ainda não havia sido apurado o valor do dano causado por cada um dos suspeitos.

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