PMDB se rebela contra Jader e Helder Barbalho: 'traição'!

Os Barbalhos obtêm ministério sem qualquer diálogo com partido.

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Por: O Liberal.

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e seu filho, Helder Barbalho, são os protagonistas de um conflito de interesses que pode rachar o partido em Brasília. A indicação do ex-prefeito de Ananindeua para o Ministério da Pesca mexeu com os ânimos dos líderes peemedebistas na capital federal. Segundo circula nos corredores do Congresso Nacional, a cria de Jader Barbalho só teria conseguido o cargo graças à articulação do pai junto à presidente da República, Dilma Rousseff. Essa negociação, no entanto, ocorreu, por fora, sem qualquer diálogo entre o senador paraense e os demais caciques do PMDB.

A atitude de Jader, repudiada por parte de seus correligionários, provocou uma crise interna no partido, que enfrenta dificuldades junto à atual gestão do governo federal. A perda de espaço nos cargos do executivo tem gerado desentendimentos na relação do PMDB com o PT. Por isso, o agenciamento às escuras de Helder está sendo entendido como um ato de traição por parte de Jader Barbalho e quem quer que o apoie. 

O mais indignado com a situação é o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Já houve até bate-boca entre ele e Jader Barbalho, conforme o publicado na coluna “Painel”, do jornal Folha de S. Paulo. Renan, que andava insatisfeito com a perda de influência na reforma ministerial promovida pela presidente Dilma, ficou ainda mais indignado após saber que a escolha de Helder Barbalho para o ministério não passou pelo seu crivo e foi debatida diretamente entre a presidente e o pai do ex-prefeito de Ananindeua.

O senador alagoano avisou ao governo federal e aos membros do partido que sinalizaram positivamente ao comportamento de Jader, que não aceitará ser traído e não perderá suas indicações para o “segundo escalão” do governo federal. Segundo o parlamentar, o partido poderá ser dividido e uma parte não comporá mais a base aliada.

Na última sexta-feira (2), em reunião do partido, na casa do presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, Renan Calheiros expôs sua revolta com o parlamentar paraense e aproveitou para ameaçar os ministros petistas presentes, Aloizio Mercadante (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Pepe Vargas (Relações Institucionais), dizendo que se forem mantidas as decisões do governo, o partido vai declarar independência automática em relação ao Palácio do Planalto e aos parlamentares que tiverem, porventura, apoiado a decisão de Jader Barbalho. 

Segundo a Folha de S. Paulo, no pacote de ameaças ao governo, o PMDB também admite ceder à oposição o comando de comissões vitais, como a CAE, de Assuntos Econômicos, ou a CCJ, de Constituição e Justiça. Outra possibilidade é ceder ao PSDB a primeira-vice-presidência da Casa, que deverá caber aos peemedebistas, além da presidência, por terem a maior bancada. O partido também articula a derrubada do esperado veto de Dilma à correção de 6,5% da tabela do Imposto de Renda, aprovada em dezembro.

“Humilhado”

Dono da maior bancada, com 19 dos 81 senadores, o PMDB do Senado considera que foi “humilhado” por Dilma Rousseff na reforma. A bancada mirava conquistar as pastas das Cidades e da Integração Nacional, ministérios com bons orçamentos e capilaridade no Nordeste, reduto da cúpula peemedebista. Na reforma, entretanto, a presidente não atendeu aos pedidos da cúpula do PMDB, embora o partido tenha garantido seis pastas, mantendo os ministérios de Minas e Energia, Aviação Civil e do Turismo e ganhando da Agricultura, Portos e da Pesca.

Os peemedebistas assistiram a aliados com baixa representatividade no Senado, como o PSD de Gilberto Kassab, que elegeu três senadores, e o PROS, que não conquistou nenhum cadeira na Casa, levarem os ministérios, respectivamente, das Cidades e da Educação.